Ruas inundadas em Mossoró, relâmpagos e trovões em Caicó, dia de pouco movimento nas praias de Natal. O primeiro domingo de 2010 mais parecia o 19 de março, dia de São José em ano de bom inverno. De acordo com a Emparn, entre a madrugada de 1º de janeiro e a manhã de ontem choveu em cinquenta municípios do Rio Grande do Norte. As de maior intensidade foram em Janduís, na região Médio Oeste (196 milímetros), 154 em Cruzeta, no Seridó, 150 em Mossoró, região Oeste e 120 em Santana do Matos, região Central.
Mas as chuvas deste período não configuram 2010 como um ano de bom inverno no sertão nem no litoral. No RN, a temporada de chuvas só começa a partir de março, com o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical para o Hemisfério Sul, gerando condições meteorológicas propícias à formação de “cumulus nimbus”, nuvens carregadas de eletricidade, que se elevam no céu como grandes torres de algodão, brancas no alto e escuras na base. Tendo em vista o fenômeno El Niño, que está atuando na costa do Pacífico, os meteorologistas preveem um ano com menos chuvas no sertão potiguar.
Em Natal, uma chuva fina começou por volta das 9h30, sem causar maiores problemas. À tarde meia hora de chuva mais intensa no centro da cidade, Tirol, Lagoa Novas, praias da Zona Leste, espantando os banhistas das praias. No final da manhã, segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a temperatura estava nos 31 graus, mas a sensação térmica chegou aos 35ºC.
Segundo o meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, essas chuvas de intensidade moderada a forte, foram provocadas pela presença de ventos com circulação ciclônica em altos níveis da atmosfera, associados a restos de uma frente fria que está atuando sob o sul do nordeste. Ainda segundo o meteorologista, essas da pré-estacão chuvosa não significam que teremos um bom inverno.
Em Mossoró as chuvas provocaram estragos. O canal do Termas transbordou, inundando ruas e o pátio do Bom Preço. Os 150 milímetros registrados pela Emparn, representam mais que o dobro da média do mês todo, que é de 66 mm.
Em Assu a chuva foi de 50 milímetros, mas a preocupação dos moradores estava voltada não para o céu, mas para a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior reservatório de água do RN, com capacidade para 2,4 bilhões de metros cúbicos (o volume atual é de 2 bilhões de metros cúbicos). O extensionista da Emater Samuel Júnior publicou no último domingo fotos mostrando que o problema das fissuras na parede da barragem só se agravam. “Até hoje a erosão continua do mesmo jeito; nada foi feito. Fui neste domingo à barragem e constatei o fato”, disse Samuel.O engenheiro do Dncos, José Augusto Tostes, disse que no ano passado o órgão fez dois planos de trabalho. No primeiro, solicitaram ao Ministério da Integração Nacional verba da ordem de R$ 30 milhões para recuperação das paredes de barragens e açudes no Nordeste, entre elas a da Armando Ribeiro, mas a verba não foi liberada. O outro plano de trabalho era recuperar todos os açudes que apresentam avarias na rota da transposição do rio São Francisco. Do total de R$ 10 milhões solicitados, R$ 400 mil seriam usados para a barragem do Açu. “O dinheiro não foi liberado por vários motivos”, disse o engenheiro.
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