As mulheres vestidas de azul estão acostumadas com as piadas e os deboches. Ser pioneiro não é fácil em lugar algum. Numa cidade de pouco mais de 10 mil habitantes, questionar o sentido de uma atividade perpetuada através das décadas por pais e avós, é algo reservado somente para os fortes. Mesmo assim, as mulheres avançam. Após mais de 40 anos sobrevivendo da extração e coleta de algas marinhas na praia de Rio do Fogo, 12 marisqueiras aceitaram o desafio de passar a cultivar as algas no mar e, apesar das dificuldades com o pouco de incentivo e estrutura, além do retorno financeiro mínimo, elas esperam um dia viabilizar a nova atividade como fonte fixa de renda para a comunidade.
A possibilidade de desenvolver e melhorar a vida das comunidades costeiras, além de criar novas possibilidades de fazer dinheiro através de tecnologias sociais, são alguns dos assuntos a serem discutidos durante a 65a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a ser realizada de 25 a 30 de julho, em Natal. Este ano o tema principal do maior encontro científico do país é o desenvolvimento das ciências do mar. O caso das marisqueiras de Rio do Fogo cai como uma luva na temática escolhida.
Há cinco anos, um grupo de técnicos da então Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, em conjunto com professores da UFRN, implantaram na comunidade de Rio do Fogo o cultivo de algas marinhas a fim de dar uma alternativa para a geração de renda daquelas pessoas. Após tanto tempo, o projeto sobrevive muito mais a partir da determinação das mulheres do local do que por conta de um êxito econômico. O trabalho muito e o dinheiro pouco, além da estranheza que qualquer novidade traz, foi suficiente para despertar a repulsa de pescadores mais conservadores. Contudo, as mulheres não desistem.
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