sexta-feira, janeiro 28, 2011

Agricultores de Rio do Fogo perdem 80% da safra de jerimum


As chuvas que caíram no Rio Grande do Norte neste início de ano provocaram o alagamento de toda a área plantada com jerimum na região do Vale do Punaú e uma perda de aproximadamente 80% na produção, o equivalente a 3.600 toneladas do produto. O prejuízo é estimado em no mínimo R$ 3 milhões e afeta diretamente 300 famílias que têm a cultura como principal fonte de renda no distrito e no entorno.

Distante cerca de 70 Km de Natal, o Vale do Punaú é distrito do município de Rio do Fogo e, segundo informações extra-oficiais,  é a maior área produtora de Jerimum do RN. Por safra, são cerca de 250 hectares plantados e uma produção estimada entre 4 mil e 4,5 mil toneladas.  Há pelo menos três anos, o “inverno” provoca, no entanto, perdas na região. 

O presidente da Associação dos Produtores, João Batista Bandeira Gomes, explica que o problema é que os rios Punaú e Piranhas acabam transbordando com o excesso de chuvas e a água inunda a área. “Os rios são assoreados. E é por isso que ocorre os alagamentos”, diz ele, acrescentando que nenhuma providência foi tomada até agora para evitar que o problema se repita. E pegue os agricultores de surpresa. “Estamos sem saber o que fazer”.


Como o “inverno” geralmente chega à região em março, os agricultores plantam na expectativa de colher entre o final de janeiro e fevereiro. Mas há três ou quatro anos as chuvas têm se antecipado e chegam no primeiro mês do ano. E quem plantou corre para salvar o máximo que conseguir.

Até ontem o governo do estado não havia sido oficialmente notificado sobre a situação dos produtores de jerimum, nem pela prefeitura de Rio do Fogo nem pela Associação dos Produtores, de acordo com informações da Secretaria de Comunicação. “Se eles estiverem dentro do projeto garantia safra, há como serem inseridos dentro do seguro safra e aí passar a receber indenização pela perda da produção”, informou a secretaria. Apenas 10 ou 15 famílias, das 300 que estão ligadas à cultura na área, devem, porém, receber o seguro. As demais estão sem saber como vão compensar o prejuízo.   O secretário adjunto de Agricultura, José Simplício de Holanda reforçou que a secretaria não havia sido informada sobre o assunto, mas que o governo sempre está aberto a analisar soluções. Já a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, informou que está sendo elaborado o Plano Estadual de Recursos Hídricos, instrumento que fará um mapeamento no Rio Grande do Norte identificando inclusive os problemas como o que ocorre na região de Rio do Fogo. A resposta sobre possíveis ações para conter as cheias do manancial só devem vir após a conclusão desse plano, que apontará as soluções.

Com a safra comprometida, o consumidor já está pagando mais caro pelo quilo do jerimum. O Boletim Semanal de Variação de Preços da Central de Abastecimento  (Ceasa RN) aponta que o quilo do jerimum comum - aumentou 20%,  no período de 20 a 26 de janeiro, em comparação com a pesquisa desenvolvida entre os dias 7 e 12 deste mês. Já para a abóbora leite foi registrada uma alta de 5%. O quilo de R$ 0,60 passou para R$ 0,63.

João Bandeira, da Associação de Produtores, calcula que o quilo, que chega no supermercado por algo em torno de R$ 1,20, poderá subir pelo menos R$ 0,30 nos próximos dias. O preço aumenta porque a oferta do produto está reduzida. Mas não é o produtor que ganha com a valorização. “O ganho é do atravessador”.


Fonte: Tribuna do Norte

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