segunda-feira, março 15, 2010

No Minuto destaca Ciclone em Barra de Cunhaú


O ciclone registrado na madrugada desta segunda-feira (15), em Barra de Cunhaú, é consequência do desequilíbrio ambiental. Para a bióloga e pesquisadora Rosemeire Dantas, outros indícios levam a essa conclusão. “Os pescadores vêm sentido o aumento da temperatura na água e, ontem à noite, nós estávamos trabalhando e constatamos que a água estava muito quente”.

A bióloga explicou que desde a tarde deste domingo (14) era possível observar variação no deslocamento de vento. “Nós estávamos na água coletando dados para a pesquisa quando senti gotículas na boca, com gosto salgado, o que já era um indício”, comentou.

Por volta das 4h da manhã de hoje, os moradores de Barra de Cunhaú foram surpreendidos. De acordo com Rosemeire, todos estavam dormindo no momento do vendaval.

“Os ventos vieram muito fortes, passaram dos 100 km/h. Pelo menos 20 canoas afundaram, várias árvores foram arrancadas e embarcações arrastadas. Além disso, casas tiveram os telhados quebrados e quiosque foram totalmente revirados”, contou a bióloga.

Para ela, os estragos causados pela ventania poderiam ter sido bem maior. “Esse ciclone quebrou no mar. O que chegou a praia foi apenas a ressaca. Se ele tivesse quebrado aqui, com certeza nada disso estaria em pé”, relata.

Apenas a Companhia de Policia Ambiental da Polícia Militar esteve no local. O major Túlio Cesar explicou que eles foram até Barra de Cunhaú para dá um suporte a população e avaliar os estragos.

“Nós andamos e conversamos com as pessoas para saber a real situação dos danos. Felizmente, ninguém ficou ferido, o que mais importante”, frisou o oficial da PM.

Aquecimento

A bióloga Rosemeire Dantas afirmou que suas pesquisas realizadas durante o fim de semana constatam que o aquecimento global e, consequentemente, das águas de Barra de Cunhaú, estão levando a morte de animais marítimos.

“Hoje mesmo nós encontramos nadadeiras de tartarugas que provavelmente morrem em virtude do aquecimento da água e também desse ciclone. Além disso, vários peixes estão aparecendo mortos na beira do mar, inclusive moréias”.
Ela lembrou também do caso registrado na semana passada entre as praias de Muriú e Maxaranguape, onde várias moréias foram encontradas mortas na praia. “Com certeza ali foi o aquecimento da água. Esses peixes só toleram temperatura entre 26° e 28°, se passar disso, morrem”.

Depois do susto em Barra de Cunhaú, a pesquisadora que pretendia voltar a Natal, agora pensa em continuar na praia. “Vamos esperar a maré encher pra ver o que ela vai trazer a superfície. Com certeza, depois desse ciclone teremos muitos animais mortos e lixo”, ressaltou.

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