Médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) paralisaram parcialmente
as atividades ontem em 21 Estados do País para protestar contra as más condições
de trabalho e baixa remuneração, além da defasagem do valor do repasse da tabela
de procedimentos. Não há, porém, números oficiais de quantos profissionais
pararam o atendimento. O mote principal do ato foi discutir e tornar público os
problemas de financiamento do SUS. Segundo as entidades médicas, não é possível
prestar um serviço de qualidade recebendo R$ 2,5 por uma consulta básica
(clínica médica, pediatria ou ginecologia) e R$ 7,5 por uma especializada. Por
uma cesariana, incluindo a equipe, o SUS repassa R$ 150,05; e por uma
colposcopia (exame ginecológico), R$ 3,38.
Em Natal, a paralisação dos médicos credenciados junto ao Serviço Único de Saúde
(SUS) durante todo dia de ontem resultaram, de acordo com o presidente do
Sindicato dos Médicos (Sinmed) Geraldo Ferreira, na suspensão de cerca de 300
cirurgias eletivas e dois mil atendimentos ambulatoriais em todo Estado. Em
Natal, segundo levantamento do Sinmed, foram suspensas as cirurgias ortopédicas
em hospitais da rede conveniada, como o Hospital Memorial (30), Médico Cirúgico
(25), cirurgias vascular no Ruy Pereira (10), além da Liga Norte-Riograndense
contra o Câncer (30).
Um ato público foi realizado na praça Sete de
Setembro, em frente a Assembleia Legislativa. Médicos e demais profissionais de
saúde defendiam a reestruturação do sistema instalado há 20 anos e que ainda
enfrenta dificuldades para se efetivar. "É um dia de luta pela recuperação do
sistema SUS, que passa pela estruturação das unidades, desde recursos humanos,
equipamentos e medicamentos", definiu Geraldo Ferreira.
O protesto, em
adesão ao movimento nacional contra a baixa remuneração e as más condições de
trabalho, não afetou o atendimento de urgência e emergência no Hospital Walfredo
Gurgel. No Hospital dos Pescadores, nas Rocas, os três médicos plantonistas
sequer sabiam do movimento que ocorria na Praça Sete de Setembro. "Nosso
atendimento está mantido. Não há alteração", disse o clínico geral Max da Costa
Ribeiro. Os pacientes eram submetidos a uma classificação médica e os casos
considerados simples, encaminhados a unidades básicas de saúde.
Fonte: TN