quarta-feira, outubro 20, 2010

CNT/Sensus

CNT/Sensus divulgada hoje (20) mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com 46,8% das intenções de voto, contra 41,8% de José Serra, do PSDB.

A pesquisa registrou 4,1% de votos brancos e nulos e 7,2% dos eleitores indecisos. Na contagem dos votos válidos, que exclui brancos, nulos e indecisos, Dilma aparece com 52,8% e Serra, com 47,2%. A margem de erro é 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O Sensus ouviu 2 mil eleitores entre os dias 18 e 19 de outubro. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 36.192/2010.

Mais cedo, o Ibope também divulgou pesquisa de intenção de voto para o segundo turno, que mostra Dilma com 51% das intenções de voto, contra 40% de Serra.

Ibope aponta 11 pontos de Dilma sobre Serra

A Pesquisa Ibope divulgada hoje (20), Dilma aparece com 51% das intenções de voto, contra 40% de José Serra . Na rodada anterior da pesquisa, a diferença entre os dois candidatos era de seis pontos.

De acordo com o Ibope, votos brancos e nulos somaram 5% e 4% dos eleitores declararam que vão votar nulo.

Considerando apenas os votos válidos, Dilma tem 56%, contra 44% de Serra. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores entre os dias 18 e 20 de outubro. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 36476/2010.

Paralisação

Os trabalhadores da empresa EcoEnergia, antiga Usina São Francisco, localizada em Ceará-Mirim, paralisaram as atividades na manhã desta quarta-feira pelo não pagamento do adiantado semanal dos salários que faz parte de um acordo dos trabalhadores com a direção da empresa.

Um compromisso firmado entre os empresários e os trabalhadores, determnou que os empregados deveriam receber o adiantamento no último sábado, porém, segundo o interventor da empresa, não havia recursos para efetuar o pagamento. A expectativa era que o pagamento fosse realizado  na terça-feira, mas não foi o que ocorreu, e tiveram a informação da direção de que os pagamentos adiantados só serão feitos neste sábado (23), o que motivou a paralisação.

Alguns dos trabalhadores reclamam que não recebem há quase um mês os pagamentos semanais,  por isso, eles decidiram só voltar  ao trabalho quando receberem o dinheiro.

A usina vem sendo alvo de uma briga judicial desde a sua venda. Há 15 dias voltou ao comando de um interventor judicial, que é quem vem administrando a crise com os funcionários.

PT quer ver Micarla no vermelho no 2° turno

O PT vai em busca do apoio da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), à presidenciável Dilma Roussef (PT) para o segundo da eleição presidencial. O presidente estadual do PT, Eraldo Paiva, declarou, em entrevista ao Diário de Natal, que, caso escolha a candidatura de Dilma, a prefeita será bem recebida pelas lideranças que já apoiam a petista. "O apoio de Micarla será bem-vindo. O PV, nacionalmente, tem muito mais afinidade com o projeto do PT do que com o PSDB. Queremos Micarla conosco neste segundo turno", afirmou.

Eraldo Paiva frisou que, além de Micarla de Sousa, espera receber o reforço do deputado estadual Gilson Moura (PV) e do deputado federal eleito Paulo Wagner (PV). "O projeto nacional de desenvolvimento do Brasil está acima das questões locais. Todos os apoios que vierem a somar com Dilma serão bem recebidos pelo nosso grupo suprapartidário", ressaltou.

O presidente do PT em Natal, vereador Fernando Lucena, também afirmou que quer contar com a gestora na campanha de Dilma. "Nunca seríamos contra o apoio da prefeita. É uma liderança importante para somar conosco. Todo cidadão que vier a somar nessa corrente em torno de Dilma será bem recebido por nós", avisou.

Assu se prepara receber sua primeira UPA

Aten­den­do a ins­tru­ções do pre­fei­to Ivan Jú­nior, que pre­ten­de in­cluir a im­plan­ta­ção de uma Uni­da­de de Pron­to Aten­di­men­to (UPA) no elen­co de prio­ri­da­des do seu go­ver­no para o ano de 2011, re­pre­sen­tan­tes da Di­re­to­ria de Pro­je­tos e Pro­gra­mas e da Se­cre­ta­ria de Saúde se reu­ni­ram nesta segunda-feira (18) para en­ca­mi­nhar de­fi­ni­ções ao pro­je­to téc­ni­co da Uni­da­de de Pron­to Aten­di­men­to. 


De acor­do com o di­re­tor de Pro­je­tos e Pro­gra­mas da Pre­fei­tu­ra de Assu, Luiz Car­los Dan­tas, o pro­je­to será tra­ba­lha­do no âm­bi­to do Mi­nis­té­rio da Saúde, por meio do Pro­gra­ma de Ace­le­ra­ção do Cres­ci­men­to (PAC II). "O se­cre­tá­rio de Saúde, Jader Tor­qua­to, disse que o pre­fei­to Ivan Jú­nior tem ex­ter­na­do uma per­ma­nen­te preo­cu­pa­ção no sen­ti­do de que a qua­li­da­de dos ser­vi­ços de saúde per­ma­ne­ça evo­luin­do", afir­mou Luiz.

Prefeitura de Frutuoso Gomes terá que suspender queima de lixo

A Prefeitura de Frutuoso Gomes deve adotar, em caráter emergencial, providências para coibir a queima de lixo que vem sendo depositado a céu aberto numa área de campo às margens da BR-226 e nas proximidades da área urbana. Segundo o promotor Clayon Barreto, o fato foi constatado pessoalmente em vistoria realizada no dia 29 de setembro.
A partir de agora o Poder Executivo de Frutuoso Gomes deverá isolar a área do lixão; aterrar e cobrir o lixo pelo menos duas vezes por semana, seguindo as orientações técnicas e necessária compactação; não efetuar em nenhuma hipótese a queima do lixo, nem permitir que terceiros o façam, tomando as medidas necessárias para identificação de eventuais autores da queima, encaminhando nome e endereço ao Ministério Público para a adoção de providências administrativas e penais cabíveis.

Clayton Barrreto adverte que a não-observância da recomendação implicará em medidas judiciais cabíveis, devendo ser encaminhada à Promotoria de Justiça informações quanto às atitudes para o pleno atendimento da recomendação ao final do prazo de 30 dias.

MP e Polícia oferecem delação premiada para Dão

 A versão do desempregado João Francisco dos Santos, conhecido como Dão, sobre o assassinato do comuicador Francisco Gomes de Medeiros segue sem convencer o Ministério Público e Polícia. O pensamento do promotor criminal Geraldo Rufino de Araújo Júnior é que Dão agiu a mando de outra pessoa e está tentando ludibriar os investigadores. Para incentivar a denúncia por parte do criminoso, o delegado Ronaldo Gomes e o promotor Geraldo Rufino já ofereceram a delação premiada ao assassino.

O promotor confirmou as versões dadas por Dão sobre a forma como matou F. Gomes, o local onde comprou a arma de fogo (Beco da Troca), e como procedeu após o homicídio. Devido às características da execução, Geraldo Rufino já adiantou que pedirá condenação máxima do criminoso, principalmente pelo de que Dão agiu em emboscada e por motivo fútil. Por outro lado, o Ministério Público e a Polícia, por notarem "furos" na versão do criminoso e acreditarem que houve um mandante, ofereceram a a possibilidade de se atenuar a pena do assassino.

Durante as oitivas com o criminoso, o delegado Ronaldo Gomes e o promotor Geraldo Rufino ofereceram ao advogado Rivaldo Dantas, que defende Dão, a possibilidade de que o acusado faça a delação premiada, indicando quem seria a pessoa ou o grupo mandante do crime. O advogado, que na manhã da terça-feira (19) afirmou que o Dão não assumiria o crime, o que veio a ocorrer no fim da tarde. Mesmo sem a delação por parte de Dão no primeiro momento, Geraldo Rufino garante que o Ministério Público continua aberto para oferecer a delação premiada ao criminoso.

Antes de confessar o crime, Dão solicitou que fosse preso no Pereirão e não na delegacia de Caicó. O motivo, de acordo com o promotor, é que o criminoso temia por sua vida caso ficasse na delegacia e, segundo ele, no presídio haveria mais presos que não gostavam de F. Gomes.

Assassino de Jornalista está em cela isolada

O assassino confesso de Francisco Gomes de Medeiros, João Francisco dos Santos, está preso em uma cela isolada e incomunicável na Penitenciária Estadual do Seridó Desembargador Francisco Pereira Nóbrega, o Pereirão. Dão, como é conhecido o bandido, só terá contato com outros detentos depois de uma semana.

Segundo o vice-diretor da penitenciária, Eider Pereira, Dão chegou por volta das 21h à unidade prisional, passou por revista e logo em seguida foi isolado. Nesta quarta ele já tomou café da manhã e, por estar em período de triagem, só vai ter contato com os outros 330 detentos do regime fechado na próxima quarta-feira (27), ficando até sem banho de sol diário. 

Apenas os membros do Ministério Público, Polícia, além do advogado e da direção do presídio, têm acesso ao criminoso.

Tribuna do Norte: Caicó retoma rotina após enterro de F. Gomes

A cidade que ontem estava parada, prestando a última homenagem a um de seus ícones da comunicação, aos poucos vai retomando seu cotidiano. Na manhã desta quarta-feira, horas após o sepultamento de Franciso Gomes de Medeiros, o F. Gomes, as ruas Caicó voltaram ao movimento normal.

Se na terça-feira, dia em que ocorreu o velório e sepultamento de F. Gomes, o único movimento visto nas ruas era o cortejo fúnebre do comunicador, nesta quarta os carros-de-som voltaram às ruas, o comércio está reaberto e os mototaxistas retornaram ao trabalho. No entanto, o assunto segue sendo o homicídio que chocou todo o Rio Grande do Norte.

No cemitério Campo Jorge, onde F. Gomes foi sepultado, várias coroas de flores estão sobre o túmulo do comunicador. A 13 dias do Dia de Finados, os moradores de Caicó acreditam que o túmulo de F. Gomes será o mais visitado na cidade no dia 2 de novembro, data em que são feitas as homenagens aos mortos.

Por Caninde Soares

A igreja de São José, em Caicó, ficou completamente lotada de fãs, familiares e amigos do radialista F. Gomes que levantou a bandeira de combate as drogas na região Seridó, especialmente, na cidade de Caicó. “F. Gomes tinha no sangue os hábitos do excelente repórter. Pena que seu sangue foi derramado no exercício da profissão”, disse o jornalista Alexandre Mulatinho que trabalhou com F. Gomes na Tribuna do Norte e depois no Diário de Natal, que acampanhou a missa na igreja de São José. Depois da missa de corpo presente diversos radialistas, colegas de profissão de F. Gomes, prestaram homenagens na igreja. Os padres criticaram a omissão de poder público no combate às drogas no Seridó e relataram que com a morte de F. Gomes morre também um pouco da sociedade do Seridó que precisa reagir diante dessa morte para fazer com que a luta de F. Gomes tenha sido válida. O cortejo seguiu pelas ruas de Caicó que ficaram pequenas diante das milhares de pessoas que acompanharam o corpo levado pelo Corpo de Bombeiros até o cemitério Campo Jorge. Até o cemitério; carros e motos repetiram o buzinaço que tomou conta da cidade no final da manhã desta terça-feira (19) em protesto pelo ato de violência que foi o assassinato de F. Gomes na noite de segunda-feira, em Caicó.














Veja a foto do assassino de F. Gomes


As polícias Civil e Militar apresentaram na noite desta terça-feira, 19 de outubro, João Francisco do Santos, 24 anos, popularmente conhecido por “Dão”.

Segundo o delegado Ronaldo Gomes, que presidirá o inquérito, o trabalho da PM foi fundamental no sentido de localizar o “Dão”, tendo em vista os objetos abandonados por ele, como o capacete, um casaco e uma calça.

“Conseguimos a decretação da prisão temporária e, ao longo do dia, o João resolveu confessar a autoria do crime”, disse o delegado.

A suposta motivação apontada por “Dão” é que, em 2007, ele foi preso por roubo qualificado e, após isso, o radialista divulgou diversas notas e, por conta disso, ele foi recolhido para o regime fechado, pagando um ano e noves meses de cadeia.

Recentemente, segundo o acusado, F. Gomes teria comentado que ele era envolvido como tráfico de drogas. “A Polícia trabalha com outras hipóteses, para se apontar o mandante do crime, Trabalhamos com a hipótese de uma promessa (pagamento)”, disse Ronaldo Gomes, mesmo depois de Dão afirmar que agiu sozinho.

Dão vinha premeditando o crime há um mês, mas não fez campana. Já chegou atirando contra o radialista, que se encontrava sentado na calçada de sua residência, no bairro Paraíba.

Serra é entrevistado pelo JN

William Bonner: Boa noite, candidato.

José Serra: Boa noite, William. Boa noite, Fátima. Boa noite a quem está nos vendo e escutando.

William Bonner: Muito bem. Esta entrevista terá dez minutos com uma tolerância de um minuto e mais 30 segundos como mensagem do candidato aos seus eleitores. Essa tolerância é para evitar interrupções e para a conclusão do raciocínio do candidato, e o tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidato, o senhor teve no primeiro turno um desempenho inferior ao que o seu colega Geraldo Alckmin conseguiu na eleição presidencial de 2006. Ele teve nove pontos percentuais a mais que o senhor obteve desta vez. A que o senhor atribui essa resposta dos eleitores a suas propostas?

José Serra: Olha, primeiro, os outros candidatos eram diferentes, inclusive não tinha uma terceira candidata, ou um terceiro candidato, tão forte quanto a Marina. E no primeiro turno, na verdade, os eleitores fazem uma aproximação pro voto, né, não é um julgamento definitivo. E de todo modo eu cheguei a ter 33 milhões de votos, a Marina 20, de maneira que isso representou a maioria da população brasileira, mostrando que na verdade o Brasil quer um segundo turno, né, porque segundo turno tem muito mais possibilidade, entre os dois mais votados, de ter conhecimento, de iluminar a cabeça e a mente para o dia da eleição.

Fátima Bernardes: Agora, esse segundo turno, ele está radicalizado. Uma mistura entre religião e política que normalmente não costuma dar certo em lugar nenhum. A sua campanha tem explorado posições do PT e da candidata do partido, por exemplo, em relação ao aborto. Essa mistura, política e religião, não deveria ser evitada?

José Serra: Olha, não fomos nós que levantamos, nem nós exploramos. Acontece o seguinte: a Dilma manifestou-se a favor do aborto. Deu uma entrevista que está, enfim, tem o vídeo. O PT no final do ano passado fez aquele programa nacional de direitos humanos que tornava transgressor, criminoso aquele que fosse contra o aborto. Então eles puseram a questão no ar.

Fátima Bernardes: Mas a sua campanha também, candidato.

José Serra: Eu sempre manifestei, eu sempre manifestei o seguinte: eu sou contra a liberação do aborto e nunca explorei isso do ponto de vista de que ela estaria errada por ser a favor do aborto. O que acontece é que ela afirmou uma coisa e depois afirmou o oposto. Nem reconhece que disse o oposto e numa campanha esses temas, Fátima, acabam sendo postos pela própria população.

Fátima Bernardes: Mas candidato...

José Serra: Nunca me passou pela cabeça transformar isso num centro de campanha.

Fátima Bernardes: Mas candidato, sua campanha tem mostrado, falado insistentemente em Deus, tem mostrado imagens de missas, de cultos religiosos. Questões como essas do aborto, até mesmo a união civil entre homossexuais, elas não deveriam receber um tratamento de políticas públicas e não uma abordagem do ponto de vista da religião? Isso não contribui assim para um retrocesso no debate político?
José Serra: Olha, eu insisto: quem introduziu esse ingrediente na campanha foi o PT e foi a Dilma. Como eu tenho uma posição contrária ao aborto eu sempre fui perguntado, e sempre disse isso.

Fátima Bernardes: Mas é um retrocesso, o senhor considera um retrocesso?

José Serra: Todas as campanhas que eu fiz, eu sempre visitei igrejas, né, eu sou católico, mas sempre visitei igrejas, inclusive igrejas cristãs, evangélicas. Sempre falo no meu linguajar cotidiano, porque está incorporado, eu sempre digo: 'se Deus quiser'. Eu sou uma pessoa religiosa. Não há nada forçado neste sentido. E, aliás, a candidata não fez outra coisa se não passar a freqüentar igrejas, coisa que habitualmente ela não fazia. Então isso dá um tipo de aquecimento que se transforma no que você falou. Agora o que eu quero dizer é que a base disso está no fato de que uma hora ela disse uma coisa e em outra hora ela diz o oposto. Aliás, não é o único caso que isso acontece.

Wiiliam Bonner: Candidato, na sua propaganda eleitoral o senhor tem mostrado obras grandes que realizou como governador em São Paulo: Rodoanel, a ampliação da Marginal do Tietê. Essas obras foram tocadas, em parte ou totalmente, pela Dersa, que é a empresa estadual que cuida disso. Quando o senhor era governador, o diretor da Dersa era Paulo de Souza, também conhecido como Paulo Preto por alguns. Paulo Preto foi acusado de ter arrecadado ilegalmente dinheiro para a campanha do PSDB e de ter ficado com esse dinheiro pra ele. O PSDB e o senhor já negaram essa afirmação, disseram que não houve essa arrecadação. Mas o fato é que antes de os senhores negarem isso, Paulo Preto, ao jornal “Folha de S.Paulo”, disse o seguinte: "Não se abandona um líder ferido na estrada”. O que que ele quis dizer com isso?

José Serra: Olha, William, antes dessa entrevista nós já tínhamos desmentido. Não houve desvio de dinheiro na minha campanha, que seria a vítima no caso. Ou seja: não houve ninguém que tivesse doado, o dinheiro não tivesse chegado, e a pessoa tivesse feito chegar a gente de que a contribuição não tinha chegado, porque ele tinha dado e não chegou. Isso não aconteceu.

William Bonner: Mas esta frase, esta frase: "não se abandona um líder ferido na estrada".

José Serra: Esta frase...

Wiiliam Bonner: Parece ameaça.

José Serra: Não, não. Porque sempre tem, dentro de um partido, gente que gosta de um, gente que não gosta de outro, mas o fato é que não houve o essencial que é o desvio de dinheiro da minha campanha, porque eu saberia. Em todo o caso, nós seríamos a vítima. Você percebe? Quer dizer, e aí não se trata, inclusive, nem de dinheiro do governo. É um dinheiro que foi contribuição para uma campanha. Eu desmenti isso há muito tempo. E o assunto volta posto, inclusive pelo PT, porque o que eles gostam de fazer? De vir com ataques esses às vezes meio incompreensíveis para nivelar todo mundo, como se os escândalos da Casa Civil, como se os escândalos desse senhor Cardeal agora na Eletrobras, como se tudo isso pudesse ser também reproduzido, o que não aconteceu do outro lado. Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil...

William Bonner: Sim, candidato.

José Serra: ...que ficou do meu lado que aprontou tudo que a Erenice aprontou. Braço direito da Dilma.

William Bonner: Sim, mas eu tenho de observar o seguinte: primeiro, Paulo de Souza tinha um cargo estratégico no seu governo. Era um cargo importante, de grandes obras. E teve uma filha dele, inclusive, contratada pelo senhor tanto na Prefeitura de São Paulo quanto no governo do estado em cargo de confiança. Quer dizer: essa relação sua com parentes, também de alguma maneira não configura aí um nepotismo dentro do governo?

José Serra: Veja, essa menina foi contratada, eu nem conhecia, não foi diretamente por mim, para trabalhar no cerimonial, que é, que faz recepções, que cuida de solenidades e tudo mais, entre muitas outras. Tinha um currículo, sabia dois idiomas, ou sabe dois idiomas, sempre trabalhou corretamente. Inclusive eu só vim a saber que era filho de um diretor de uma empresa muito tempo depois. Ela não está em nenhum cargo, nunca teve nenhuma acusação, nem nenhum cargo que tome decisões, faça lobby, pegue dinheiro, como no caso dos filhos da Erenice.

Fátima Bernardes: Candidato, no debate ainda no primeiro turno aqui na TV Globo, numa resposta à candidata Marina Silva, o senhor disse o seguinte: “Você e a Dilma têm muito mais coisas parecidas do que quaisquer outros candidatos aqui. Você estava no governo do mensalão, não saiu do governo, continuou lá, como ela”. Hoje, diante da necessidade de conquistar eleitores que votaram na então candidata Marina, o senhor se arrepende do que disse?

José Serra: Olha, eu quero completar como é que foi o assunto, porque a Marina estava dizendo que eu e a Dilma éramos parecidos, né? Não sei se ela acha isso no fundo da alma. Eu disse: “Não, nós não somos parecidos”. Agora, você não pode medir os outros pela sua régua. Se eu usasse a minha régua, eu poderia dizer: “Você e a Dilma têm semelhanças, porque ambas participaram de um governo do PT que tinha o mensalão e ambas não saíram do governo”. Isso não foi propriamente uma acusação. Isso foi mostrar como, se você começar a fazer comparação, você pode chegar a qualquer conclusão, né? Você pode dizer: fulano e sicrano torcem pro mesmo time, logo eu posso dizer que vocês são parecidos. Porque ela dizia que éramos parecidos por outros motivos, porque uma preocupação com obras, uma preocupação com propostas concretas, isso mais no meu caso, inclusive.

Fátima Bernardes: Mas não é uma forma muito fácil de atrair eleitores com uma declaração como essa?
José Serra: Mas eu posso te dizer o seguinte: eu gosto muito da Marina, é uma pessoa que eu admiro, e ela fez uma boa contribuição no Brasil para a democracia, ajudando a ter o segundo turno e aproximando gente que não participa habitualmente de eleição do processo eleitoral, coisa que fortalece a democracia. E agora, com muita alegria, eu estou recebendo o apoio de militantes do PV, como o Fernando Gaveira, Gabeira, o Fábio Feldmann, que foi candidato a governador em São Paulo, diretórios, parlamentares. Por quê? Porque eu tenho, na minha folha de serviços como prefeito e governador, uma ação ambiental muito avançada, inclusive fizemos a lei de mudanças climáticas do estado de São Paulo, considerada uma das três mais avançadas do mundo.

William Bonner: Candidato, com relação à economia. O senhor tem prometido aí coisas grandes, né? Salário mínimo de R$ 600, aumento de 10% para aposentados, 13º para o Bolsa-Família. Essas propostas não colocam em risco a estabilidade da economia, uma economia que todo mundo sabe que está com um crescimento de gastos públicos preocupante?

José Serra: Olha, William, eu fiz essas propostas porque eu acho que são fundamentais do ponto de vista social. Os aposentados ficam para trás, o salário mínimo ainda é pouco em relação às necessidades de consumo das pessoas e o Bolsa-Família é muito pequeno, dá menos de R$ 1.000 por ano. Então eu propus fazer o 13º do Bolsa-Família, programa que eu vou manter e afirmar, dar 10% para os aposentados, o dobro do que o governo quer, e fazer o mínimo em R$ 600. Isso tem um custo. Eu calculei aproximadamente, em números redondos, 1% do atual orçamento, 1% do orçamento previsto. Ora, é, tem subestimativa de receitas, ou seja: tem receitas, dinheiro que vai entrar para o governo no ano que vem, que está subestimado. Isso tem sido feito nos últimos anos no caso da Previdência. Tem também o efeito que as próprias medidas vão causar sobre a arrecadação, que é positivo. Mas corte de desperdícios, encolhimento de cargos de confiança, gente que não faz concurso, que está lá por apadrinhamento político. Com isso, nós vamos ser capaz de cobrir esse 1%. E, do ponto de vista do país, representa um grande salto social e uma medida de justiça, eu diria.

Fátima Bernardes: Mas candidato, se isso fosse assim possível, se a conta fosse viável do jeito que o senhor está falando, por que ela não foi feita agora? Quer dizer, por que ela não teria sido feita já? Acho que aumentar salário mínimo é o desejo de todo político.

José Serra: Sem dúvida.

Fátima Bernardes: Quer dizer, será que essa conta, esse ajuste, não é um pouco mais complicado?

José Serra: Porque eles têm outras prioridades. Por exemplo, estão desenvolvendo muitos e muitos subsídios a investimentos que provavelmente não são rentáveis, né? O governo hoje está distribuindo isso por todo canto. Muito desperdício, muito desvio de dinheiro público, Fátima.

William Bonner: Candidato.

José Serra: Muito desperdício. Nós vamos enxugar tudo isso para poder atender os mais necessitados.

William Bonner: Candidato, eu vou pedir, então, agora. Chegamos ao fim do tempo, eu vou pedir agora que o senhor se despeça dos eleitores com a sua mensagem em 30 segundos.

José Serra: Tá legal.

William Bonner: Por favor.

José Serra: Muito obrigado. Olha, eu, com a consciência tranquila, queria pedir a você, que está me vendo, o seu voto no dia 31 de outubro. Se você já vota em mim, conquista outro voto. Eu já disputei nove eleições, lutei bastante na vida. Disputei eleição, ganhei, de deputado, senador, fui ministro, eleito prefeito, eleito governador. Lutei bastante para isso e, como presidente, eu vou lutar muito para melhorar a saúde, a educação, a segurança e os problemas, e as questões sociais. Vamos juntos, de braços dados...

William Bonner: Obrigado, candidato.

José Serra: ... coração aberto, cabeça erguida, ganhar a eleição.

William Bonner: Seu tempo, candidato.

Fátima Bernardes: Muito obrigada, candidato, pela sua participação aqui pela segunda vez no Jornal Nacional.

José Serra: Eu que agradeço enormemente a vocês.