A revista Veja desta semana destaca que assessores do ministro Carlos
Lupi, todos eles ligados ao PDT, são acusados de cobrar propina para
liberar pagamentos a ONGs suspeitas de irregularidades.
A matéria cita que há pouco mais de um mês, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho (foto),
deixou seu gabinete no 8° piso do edifício-sede da pasta, na Esplanada
dos Ministérios, desceu três andares e se reuniu com o ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, que despacha no mesmo prédio. Garibaldi agendou o
encontro a pedido de um dirigente do Instituto Êpa, uma organização não
governamental sediada no Rio Grande do Norte, seu estado de origem.
A ONG recorrera a Garibaldi numa tentativa de fazer com que o
Ministério do Trabalho voltasse a repassar verbas para um programa de
qualificação profissional firmado com a entidade. Em vão. Na reunião
entre os ministros, representantes do Trabalho elencaram uma série de
irregularidades na prestação de contas do instituto e disseram que, em
razão disso, as transferências não poderiam ser retomadas. Garibaldi e
os dirigentes da ONG foram embora sem ver o problema resolvido. Atitude
correta, republicana? Só na aparência.
Antes de procurarem Garibaldi Alves, os representantes da ONG
tentaram resolver as pendências no lugar apropriado: as instâncias
administrativas do Ministério do Trabalho. Esbarraram, porém, em um
esquema de extorsão montado por dirigentes da pasta filiados ao PDT,
partido do qual Carlos Lupi é presidente licenciado.
Em dezembro de 2010, o Instituto Êpa recebeu a segunda parcela de um
convênio para qualificação de trabalhadores em construção civil no Vale
do Açu (RN). O ministério determinou três fiscalizações na organização,
levantando indícios de irregularidades. Imediatamente, ordenou que não
fosse feito mais nenhum repasse. Sem dinheiro para manter os alunos em
sala de aula, os dirigentes da ONG procuraram o ministério para tentar
resolver o problema.
Lá, foram avisados de que as irregularidades poderiam ser
encaminhadas à Controladoria-Geral da União, órgão que tem o poder de
declarar a inidoneidade de parceiros do poder público e, assim,
impedi-los de receber recursos. Os diretores do Instituto Êpa receberam
também um recado: a situação poderia ser resolvida rapidamente. Como?
Pagando propina, conforme uma planilha de extorsão do PDT, que varia de
5% a 15% do valor do contrato. A quem? O contato deveria ser feito com
Weverton Rocha, então assessor especial do ministro, ou Anderson
Alexandre dos Santos, coordenador-geral de qualificação. Os dois
respondiam ao então chefe de gabinete do ministro, Marcelo Panella,
homem de confiança do ministro Lupi e também tesoureiro nacional do PDT.
Foi para escapar do achaque que a ONG pediu a ajuda de Garibaldi Filho.