quarta-feira, março 31, 2010

Vereadores do PSB não se entendem sobre candidatura ao governo

O vice-governador e pré-candidato do PSB à sucessão potiguar, Iberê Ferreira de Souza, assumirá o governo hoje e, além da obrigação de dar respostas aos problemas que afligem a população, vai se deparar com um desafio de natureza política complicado de se resolver – a divisão na bancada do seu partido na Câmara Municipal de Natal. Os sete vereadores socialistas estão batendo cabeça sobre o pleito de outubro e, a despeito da pré-candidatura do PSB, há quem cogite apoiar nomes de outras legendas.

Esse é o caso do vereador Franklin Capistrano, que defendeu abertamente o voto no ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), dizendo que considera “difícil” que Iberê tenha condições de ser candidato, em função das dúvidas sobre seu estado de saúde. “Acho que devemos rever a situação do partido”, declarou, pregando a insurgência contra o vice-governador.

Franklin Capistrano não é o único a torcer o nariz para Iberê. O vereador Enildo Alves é outro que deu declarações pouco simpáticas ao candidato do próprio partido. Líder da prefeita Micarla de Sousa (PV) na CMN, o edil tende a seguir a orientação da pevista e, assim, votar na senadora Rosalba Ciarlini (DEM). Micarla ainda não bateu o martelo sobre o rumo do PV, mas o apoio ao palanque do DEM é dado como certo entre os verdes de Natal.

Os demais peessebistas da CMN dizem que estão afinados com Iberê, mas advertem que está faltando diálogo no partido. Essa é a explicação que o líder da bancada, vereador Júlio Protásio, dá para a divisão da legenda. “A esperança é que todos os sete vereadores marchem juntos, mas o PSB está atrasado, porque nem Iberê nem Wilma promoveram uma reunião para integrar os parlamentares à estrutura da campanha”, pontuou.

Júlio Protásio pregou que os companheiros de agremiação precisam se esforçar para chegar à “unidade partidária” e lembrou que, em virtude da lei eleitoral, todos terão que seguir a orientação do partido. “É ruim se partido sair esfacelado, como aconteceu em 2008, quando cada um saiu para um lado na eleição em Natal. Eu acho que temos que nos esforçar para ter união”, insistiu, acrescentando que alguns vereadores só estão defendendo outras candidaturas por se sentirem “desprestigiados” no PSB.

A vereadora Júlia Arruda enfatizou que apóia a candidatura de Iberê e destacou que o PSB sequer discute a hipótese de mudança do nome do candidato. “Eu defendo a candidatura de Iberê, não vejo outra aliança possível. Esse é momento de demonstrar solidariedade [ao vice-governador] e depois cair em campo para disputar eleição”. Mesmo demonstrando confiança, Júlia bateu na mesma tecla de Júlio Protásio: está faltando um tête-à-tête entre o candidato do partido e os vereadores.

O presidente da CMN, Dickson Nasser, não demonstrou muita empolgação, mas assegurou que vai votar no candidato do partido. Indagado sobre sua opinião sobre o nome de Iberê, saiu-se pela tangente. “Pode ser ele (Iberê), Franklin Capistrano, Júlio Protásio ou Amélia Freire. Pode ser qualquer um”. Dickson disse que, em virtude das divergências explícitas entre os colegas, a unificação da bancada não é possível “de jeito nenhum”.
Os dois representantes evangélicos da bancada do PSB, Adenúbio Melo e Bispo Francisco de Assis, ao que tudo indica, devem fazer campanha para Iberê entre os fiéis da suas respectivas denominações religiosas. Adenúbio, membro da Assembleia de Deus, vem defendendo que o companheiro de chapa de Iberê seja alguém do segmento evangélico. Já o Bispo Francisco de Assis, integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, não tem dado declarações sobre a sucessão, mas seu apoio é visto como garantido pelo comando partidário.

Pelo andar da carruagem, Iberê vai precisar exercitar como nunca sua propalada habilidade de conciliador político. Cortar as arestas, eliminar as desconfianças e driblar as resistências no próprio partido vai exigir dele muito jogo de cintura.
Informações do Nominuto.com

Nenhum comentário: