A moradora Maria Apolônio é uma das milhares que sofre com o problema. Residente do conjunto Coab, na região urbana da cidade, ela conta que a última vez que viu água sair da torneira de sua casa foi no dia 10 de outubro. De lá para cá, tem recorrido à água mineral e, até, à água da barragem local, a Monsenhor Expedito, que é imprópria para consumo humano.
“Paguei R$ 7 para um homem trazer água lá da barragem, mas ela é muito suja e não serve para consumo, nem para cozinhar. Para isso, nós temos que comprar água mineral”, afirma ela, que está decidida: não vai pagar a conta de água deste mês. “O dinheiro com o qual pagaria a conta de água, que é de R$ 35, em média, estou usando para pagar a água mineral”, justifica. Além dela, outros 1500 moradores de São Tomé não pretendem pagar a conta de água deste mês. Eles estão compondo um abaixo assinado que deve ser entregue no escritório local da Caern assim que a conta de água for distribuída.
Moradora da área urbana de São Tomé, Maria Apolônio afirma que nas casas vizinhas o sofrimento é igual. “Se meu marido e eu, que somos adultos e bem de saúde, estamos sofrendo, imagine nas casas onde há crianças, idosos ou pessoas doentes, que precisam mais de água”, declara. No entanto, ainda pior, segundo o radialista Pedro Ivo, outro morador da cidade, é a situação na zona rural da cidade. “Lá, muita gente está passando sede e perdendo tudo. Falta água para consumo humano. As escolas estão sem aula já há muitos dias”, afirma Pedro Ivo.
Em relação às escolas, pelo menos, não é preciso ir até à zona rural para que seja atestado o problema da falta da água atrapalhando o ano letivo. Na escola estadual Amaro Cavalcanti, próxima ao centro da cidade, o que se viu na tarde de ontem foram os funcionários de braços cruzados e nenhum aluno por perto. “Não teve aula por causa da falta de água. Faz três semanas que está assim. A diretoria está fazendo o que pode para ter aula, mas está complicado”, declara um dos funcionários - nome preservado.
A diretora da escola, Francisca Ferreira, havia passado a manhã reunida na Caern para tentar solucionar o problema. Desde que a água começou a faltar na cidade, ela tem recorrido aos carros-pipa para que as aulas não fossem suspensas. No entanto, sem água para transportar, nem eles ajudaram desta vez e a escola teve que parar as aulas.
Secretário aponta situação de calamidade
Secretário de Agricultura de São Tomé, Paulo Eduardo, já estuda maneiras alternativas de amenizar o que para ele pode ser classificado como uma situação de calamidade pública. A Prefeitura se reuniu com a Caern na quinta-feira da semana passada e ouviu explicações, mas nenhuma previsão de quando o problema vai ser resolvido.
“Estamos estudando a utilização de poços tubulares e uma maneira de melhorar a participação dos carros-pipa. Essas são as maneiras possíveis, mas não está fácil. A situação no campo está de calamidade mesmo”, afirma o secretário. Segundo Paulo Eduardo, na reunião, a Caern colocou como causadores do problema de abastecimento, o aumento considerável da demanda - que antes era de 100 mil habitantes e agora está em 300 mil - e o vandalismo.
“Eles disseram que a cidade cresceu e o sistema não é suficiente. Além disso, afirmaram que muitos vândalos depredaram a tubulação que leva água até a cidade, causando falhas no abastecimento”, explica Paulo Eduardo. Esses canos, inclusive, seriam depredados por fazendeiros para fazer ligações irregulares e levar água às suas propriedades rurais.
Como se trata de um problema generalizado e presente não só em São Tomé, mas também em cidades vizinhas, como Riachuelo e São Paulo do Potengi, Paulo Eduardo afirma que a Prefeitura está estudando trazer água de Macaíba, na Grande Natal, para abastecer os carros-pipa. “Isso seria em parceria com o Exército. Nós temos capacidade para 140 carros-pipa por mês, mas só pudemos com 46 nestes últimos 30 dias, porque nem na cidade, onde eles são abastecidos para levar para a zona rural, há água”, declara o secretário.
Ao lado do radialista Pedro Ivo, a equipe da Tribuna do Norte foi até a cisterna da Caern instalada na cidade. A função dela seria armazenar e distribuir água. No entanto, serve também para exemplificar a situação de abandono do sistema hídrico local. O mato toma conta da construção e da tubulação. Além dele, lixo e insetos - sobretudo, várias “casas” de marimbondo - mostram que há muito nem limpeza é feito por lá. “Aqui está totalmente abandonado. Os funcionários da Caern até que tentam, ao menos, limpar para que a cisterna funcione direito, mas a direção da Caern não dá assistência para isso”, afirma Pedro Ivo.
2 comentários:
Comente tambem edgley sobre a constante falta d`gua no nosso municipio,já que muitos precisam de algum tipo de imformação com relação a isso!
Porque vc não nos deixa bem interados com as noticias politicas do nosso municipio,pois a tanto a saber sobre ele,tantas curisidades com relação a administração publica,acho q seria bem agradavél termos mais noticias sobre nossa cidade já que muitos de nós não estamos todos os dias por aí,justamente por falta de oportunidades de trabalho e acredito que algumas pessoas como eu seguem seu Blog!Obg
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