terça-feira, fevereiro 22, 2011

Assentamentos se mostram ineficientes e dispendiosos

Planejados como salvação nacional para o campo, os assentamentos agrários despontaram ainda nos anos cinquenta como solução final para os problemas da improdutividade agrícola brasileira e do excesso de latifúndios ociosos no país. Mais de meio século depois os números mostram uma realidade triste e desanimadora. Um dos exemplos é o do assentamento Lagoa Nova que foi criado em 1998, no município de Riachuelo/RN, numa proposta que prometia ser modelo nacional. Ao invés de disponibilizar somente a terra virgem aos colonos, o Incra adquiriu também maquinário e gado, mais de três mil cabeças à época. Havia uma unidade de beneficiamento de leite, de fabricação de cachaça, uma casa de farinha e uma fábrica de ração. Quase 13 anos depois somente a unidade de beneficiamento de leite sobrevive à desestruturação, e mesmo assim de maneira precária. Apenas 80 das 300 famílias fornecem leite para a fabricação do leite pasteurizado e a cooperativa precisa comprar de fora para conseguir dar conta de toda a demanda, o equipamento de fabricação se encontra danificado pela péssima conservação. Como se vê, mais da metade do assentamento simplesmente não consegue produzir nada.

Francisco Inácio, um dos diretores da Cooperativa de Trabalhadores do Assentamento Lagoa Nova, afirma que a desestruturação foi proporcionada pela falta de assistência técnica, brigas entre os cooperados, desinteresse dos próprios agricultores e uso indevido do dinheiro do financiamento. Os assentados têm direito a várias linhas de crédito e benefícios para conseguirem permanecer na terra. Segundo Francisco Inácio, alguns colonos utilizaram o dinheiro para outros fins, que não investir na produção. “Hoje ninguém aqui tem acesso a crédito porque não pagamos o empréstimo”, diz, acrescentando que muitos não pagaram “porque não quiseram”. “A compra foi coletiva ou pagam todos ou todos ficam devendo. Infelizmente, uns pagam pelos erros dos outros”, complementa. Além do mais os assentamentos são verdadeiros favelões sem nenhuma infra-estrutura de higiene e bem estar para seus moradores.

Fonte: Folha do Mato Grande



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