O inverno deste ano já ganhou proporção de enchente no município de Ipanguaçu. A cada chuva que cai na região do Vale do Açu cresce o tamanho da lâmina de água da sangria do Açude Pataxó e a água avança sobre as casas de centenas de famílias que moram em éreas de risco.
Até a tarde dessa quinta-feira, 28, o número de famílias desabrigadas pela enchente somava mais de 50. A previsão era que mais famílias fossem expulsas de casa por conta do sangramento do Açude Pataxó, que já chegava a 34 centímetros, ainda no dia de ontem.
Três localidades já foram atingidas pela água que desce do Açude. Inicialmente, foi o bairro de Maria Romana, mas nas últimas horas o alagamento também chegou aos bairros de Ubarana e Manoel Bonifácio.
A reportagem do Jornal de Fato esteve no bairro Ubarana e constatou que para sair e entrar em casa as famílias precisam colocar os pés na lama.
Muitas famílias já deixaram suas residências e foram para abrigos ou casas de amigos e parentes. Quem está insistindo em ficar, sabe que a qualquer momento pode ter que sair também.
Moradores fecham RN-118 em protesto
Um protesto de moradores dos bairros alagados pela água que desce do Açude Pataxó em Ipanguaçu interrompeu por toda a manhã dessa quinta-feira, 28, o trânsito na RN-118, que liga Ipanguaçu a municípios como Alto do Rodrigues e Pendências.
Os moradores bloquearam a entrada e saída da cidade, queimando pneus e troncos de árvores, e se utilizando também de um trator, motos e carros.
Foi impedida a passagem de todos os tipos de veículos, que formaram uma longa fila à espera da liberação da pista.
O protesto teve o objetivo de forçar a limpeza do rio Pataxó no trecho localizado em terras pertencentes à empresa Finobrasa.
O agricultor Raimundo de Lima Tavares denunciou que dentro da propriedade da Finobrasa existe uma parede no rio Pataxó formada pela mata ciliar que contribui para o alagamento dos bairros que ficam nas proximidades. "A água que desce do Açude Pataxó não segue o trajeto natural por conta dessa barreira e acaba correndo para dentro das casas", relatou o agricultor.
Os moradores bateram boca com diversos motoristas que queriam furar o bloqueio e chegaram a ser irresponsáveis ao impedir que um veículo com um bebê recém-nascido seguisse viagem.
O bebê ficou exposto ao sol quente e somente seguiu viagem depois que a sua avó conseguiu carona em uma motocicleta.
O protesto foi encerrado às 13h, depois que os moradores ficaram sabendo que o Idema iria avaliar a situação do rio.
Prefeito decreta estado de emergência
O prefeito de Ipanguaçu, Leonardo Oliveira, decretou no final da tarde dessa quinta-feira Estado de Emergência no município. Leonardo declarou que já existiam justificativas suficientes para tomar tal decisão. Ele citou as famílias desabrigadas, as localidades alagadas e ilhadas, além de todos os prejuízos já causados como motivos para assinar o decreto. "Temos que lembrar, por exemplo, que pequenos agricultores perderam suas plantações de milho e feijão, sendo que eles só podem receber o seguro Garantia Safra se a Prefeitura declarar estado de emergência", destacou o prefeito.
Leonardo ressaltou também que o Município precisa do decreto para receber ajuda do Governo Federal.
O prefeito reconheceu a situação difícil vivida por Ipanguaçu, mas observou que medidas adotadas pela prefeitura evitaram que a situação já estivesse ainda pior. "Realizamos ações, como a limpeza do rio e a construção de uma barreira, que impediram que a água chegasse com mais densidade e a alguns bairros, livrando cerca de 400 famílias dos alagamentos", ressaltou.
Leonardo informou que a limpeza do rio foi feita do sítio Itu até a Finobrasa. "Não concluímos a limpeza pela necessidade de termos autorização do Idema", explicou, referindo-se à área de proteção ambiental localizada dentro da Finobrasa.
Um técnico do Idema era aguardado para avaliar o que poderia ser feito para limpar o rio nessa área.
Fonte: MAGNOS ALVES
Da Redação do Jornal de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário