Histórias e experiências de vida que se perpetuam por gerações. Os conhecimentos e as tradições mantidas pelas mãos e crenças das parteiras tradicionais estão agora mais resguardadas graças a uma iniciativa do Instituto Nômades. Através dos resultados do Projeto Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco, patrocinado pela Petrobras, e do Inventário Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, incentivado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), as tradições deste ofício cada vez mais raro estão agora mais próximas do grande público.
Durante os anos de 2008 e 2011 mais de 220 parteiras tradicionais e indígenas foram entrevistadas em 11 municípios pernambucanos, incluindo três etnias, muitas delas moradoras de áreas rurais e de difícil acesso, fator que muitas vezes dificulta o deslocamento para o atendimento a gestantes das áreas mais próximas. Alguns dos relatos colhidos pelas pesquisadoras apontaram as principais formas de aprendizagem do ofício, a exemplo do auxílio a outras mulheres e a parteiras durante o parto. Foram relatadas ainda as técnicas de apalpação da barriga para avaliação da posição do bebê, banhos para “esquentar as dores” e rezas ou orações durante o parto.
Atualmente o mais preocupante em relação à perpetuação do ofício são os obstáculos encontrados pelas parteiras, como o isolamento, pois muitas moram em lugares de difícil acesso; a desvalorização do ofício e a falta de apoio do poder público; dificuldades em repor os materiais utilizados, além do desinteresse das jovens em dar continuidade à tradição. Com o objetivo de manter vivas essas tradições e de garantir a transmissão às futuras gerações, o Instituto Nômades irá oficializar, juntamente com entidades parceiras, o pedido de inclusão do ofício das parteiras tradicionais no Livro de Registro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-o patrimônio cultural imaterial brasileiro. Para isso, já recolheu a assinatura de dezenas de pessoas e está aberta para receber o apoio de entidades ou instituições que queiram se juntar à iniciativa. Todas as informações sobre o projeto e os contatos do Instituto estão disponíveis no site. Para a execução dos projetos, entre os anos de 2008 e 2011, o Instituto Nômades contou com a parceria do Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros (Naseb/UFPE) e com os apoios do Grupo Curumim, do Iphan, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da ONG Saúde Sem Limites. Durante os dois anos de processo de formatação do inventário, foi realizado um investimento na captação de imagens das parteiras entrevistadas, como forma de situar o contexto onde residem e atuam, bem como a realidade vivenciada, resultando em um vasto banco de imagens. Deste material, foram selecionadas 241 fotos que compõem o inventário das parteiras tradicionais e outras 130 que retratam o ambiente das parteiras indígenas. O ofício das parteiras consiste no acompanhamento da mulher desde a gestação até o pós-parto, apresentando variações, e se encontra em situação de fragilidade devido a um conjunto de fatores, como seu modo de transmissão (oralidade), a desvalorização do ofício em uma sociedade que supervaloriza a tecnologia e o conhecimento biomédico, a avançada idade da maioria das parteiras em atuação, e a preferência da maioria das mulheres pelo parto hospitalar.
Parteiras Tradicionais
O Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco adentrou no universo de parteiras de seis municípios de Pernambuco, conhecendo a diversidade dos saberes e fazeres das parteiras tradicionais organizadas em associações e núcleos no Estado. Para além do reconhecimento das parteiras como promotoras de saúde materno-infantil, o inventário aborda o ofício como parte importante do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Neste processo, 156 parteiras dos municípios e arredores de Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Caruaru, Trindade e Palmares foram localizadas e entrevistadas.
Parteiras Indígenas
O Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, concebido como continuidade do projeto anterior, entrevistou 69 parteiras de três etnias mais populosas de Pernambuco, conhecendo a diversidade dos seus saberes e fazeres. As parteiras são integrantes das etnias Kapinawá (Buíque), Pankararu (Jatobá, Tacaratu e Petrolândia) e Xucuru (Pesqueira). As pesquisas dos projetos utilizam descrição etnográfica das parteiras tradicionais e estão baseadas na metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Iphan.
Contatos:Daniella Gayoso (Instituto Nômades) – (81) 9973-8035 | dan@institutonomades.org.brJúlia Morim (Instituto Nômades) – (91) 8810.3307| julia@institutonomades.org.brSumaia Vieira (Instituto Nômades) – (81) 8714.9448 | sumaia@institutonomades.org.br Imprensa:Alana Moreira: (81) 8744-9928 Daniel Lamir : (81) 9442-4617
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