segunda-feira, setembro 19, 2011

FIQUE SABENDO: Como planejar seus estudos para concurso público


Há um consenso atualmente sobre a importância do planejamento de estudos. E existem fundamentos para esta compreensão tanto a partir das ciências que estudam a aprendizagem humana, quanto dos campos do conhecimento voltados ao estudo da gestão.


O objetivo do presente texto consiste na apresentação de uma proposta de planejamento de estudos e na articulação de conceitos relevantes para a montagem do seu próprio planejamento. A intenção é que aqueles que já contam com um plano estruturado possam refletir sobre a sua eficiência e a conveniência de promover algum ajuste, bem como aqueles que não contam com um plano montado identifiquem caminhos voltados à sua estruturação.

Para a montagem de um planejamento de estudos uma primeira premissa relevante consiste na idéia de que a preparação deve contar com dois objetivos principais, sendo um mediato e outro imediato. O objetivo mediato, correspondente ao fim último, consiste na aprovação, sendo que o objetivo imediato e mais direto consiste na apropriação intelectual e cognitiva do conjunto de informações e conhecimentos passíveis de cobrança no momento da prova.

Tais compreensões decorrem da idéia de que para passar existem duas condições a serem atendidas, sendo uma formal e a outra material. A condição formal consiste no alcance da pontuação necessária considerando os parâmetros do edital, ao passo que a condição material consiste na disponibilidade intelectual e cognitiva das informações cobradas na prova. Obviamente que a segunda condição viabiliza a primeira.

Infelizmente, muitos candidatos iniciam o processo de preparação para o concurso público sem a compreensão e clareza destas premissas, isto é, não contam com devida compreensão do sentido do processo ao qual estão se submetendo.

A proposta de estruturação e execução do planejamento de estudos que venho apresentando exige a compreensão e desenvolvimento da preparação em duas fases. A primeira fase tem como fim a apropriação primária do objeto de conhecimento a ser estudado. Já a segunda fase tem por objetivo a apropriação secundária, o que corresponde à manutenção e aperfeiçoamento das informações apropriadas intelectualmente na primeira fase.

A primeira fase termina com a conclusão da execução do planejamento estabelecido. A segunda fase termina com a aprovação no concurso público.

O planejamento da primeira fase da preparação se estrutura em torno de quatro elementos, sendo os dois primeiros correspondentes ao planejamento estratégico e o terceiro e quarto ao planejamento tático. O planejamento estratégico envolve aspectos decisórios fundamentais a serem estabelecidos pelo candidato, ao passo que o planejamento tático consiste nos meios eleitos para a implementação do planejamento estratégico.

O primeiro elemento estratégico consiste na definição de objetivo, correspondendo ao cargo ou cargos almejados. Este objetivo pode ser específico, envolvendo uma carreira ou cargo público único e específico, ou genérico, envolvendo um conjunto de cargos ou carreiras. O preço do objetivo genérico é assumido pelo candidato na definição do segundo elemento estratégico, ou seja, o programa.

O programa, em termos conceituais, consiste no objeto de conhecimento a ser intelectualmente apropriado pelo candidato. Em termos concretos, trata-se das matérias e conteúdos correspondentes. Se o candidato estabeleceu um objetivo específico, o programa será aquele previsto no último edital do concurso público realizado para o referido cargo, ou seja, o programa será específico. Se o objetivo for genérico, o programa também será genérico, sendo que o candidato deverá avaliar as matérias e conteúdos semelhantes ou não, conforme os editais dos concursos de cada um dos cargos, e estruturar o seu próprio programa, ou seja, o conjunto de matérias e conteúdos a serem intelectualmente apropriados.

O terceiro elemento que compõe a estruturação do planejamento, o qual se relaciona com o planejamento tático, consiste na definição das fontes de estudo. Naturalmente que tal decisão também envolve a definição dos processos cognitivos a serem adotados. Se as fontes de estudos forem bibliográficas, o processo cognitivo será a leitura, a qual pode contar com alguma técnica de estudo agregada ou não. Se o candidato vai cursar um curso preparatório, a fonte será as aulas, sendo outro o processo cognitivo, o qual pode variar conforme a modalidade do curso (presencial, satelitário ou web) e mesmo a forma como o candidato participa, por exemplo realizando ou não anotações.

O quarto elemento da estruturação do planejamento da primeira fase de preparação consiste no levantamento do tempo e alocação de matérias. O levantamento do tempo consiste na montagem da grade de horário, o que envolve a apuração de quantas horas e quais as horas o candidato irá disponibilizar aos estudos. Também é importante que o candidato apure o potencial de disponibilidade intelectual para cada uma destas janelas a serem disponibilizadas.

O passo seguinte consiste na montagem da grade de matérias, o que corresponde à alocação das matérias e fontes de estudo na grade de horários. Para isto é importante contar com critérios racionais de otimização de esforços intelectuais e cognitivos. Um exemplo, que considero uma típica aplicação do Princípio de Pareto à preparação para concursos públicos, consiste em alocar as matérias tidas por mais relevantes ou de maior dificuldade nos momentos de maior disposição intelectual e física.

Cumpridas as etapas propostas, ou seja, definição de objetivo, programa, fontes de estudo, levantamento do tempo e alocação de matérias ou fontes, o candidato tem estruturado o seu planejamento da preparação para o concurso público. A partir daí é importante contar com mecanismos de monitoramento e controle da execução.

Esta preocupação com o monitoramento e controle, por um lado, deve ter o sentido de acompanhar os avanços na execução do planejamento estabelecido, o que traz repercussões inclusive no plano motivacional, no sentido de mostrar que os esforços implementados estão levando ao objetivo pretendido. Por outro lado, permite a construção de metas de curto prazo, o que é fundamental para que o candidato tenha o foco no processo e não se angustie com a preocupação do foco no resultado.

Estas atitudes devem ser adotadas antes da publicação do edital. Ou seja, o candidato deve trabalhar focado na execução do seu plano e não no aguardo do edital. Assim, executando o plano de estudos adequadamente estruturado, a aprovação no concurso público passa a ser uma conseqüência lógica, racional, cartesiana e natural. 

Por Rogerio Neiva

***Rogerio Neiva é juiz do trabalho desde 2002. Além disso, é psicopedagogo e possui pós-graduação em administração financeira. Atua como professor de nível superior e de cursos preparatórios para concursos.

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