quinta-feira, setembro 15, 2011

PM sequestrado por bandidos desabafa ao Tribuna do Norte


A reportagem do Tribuna do Norte conversou um dos soldados, que foram mantidos refém. Ele expressou sua indignação com o que afirma ser falta de respeito dos gestores pela segurança pública para com o policial. Eis a entrevista:

O que o senhor tem a dizer sobre esse episódio?
Eu quero que seja mais um desabafo do que uma entrevista. Nós policiais militares vivemos sendo humilhados pelo sistema militar. A gente vive no interior do Estado e nas cidades com menos de 10 mil habitantes são encontrados um ou dois policiais. Cumprimos uma escala de 24 horas, o que é degradante e nos expõe. Não quero que aconteça mais isso com meus colegas. Isso está virando rotina e tende a piorar.

Vocês foram agredidos fisicamente ou foi somente violência psicológica?
Não nos bateram, mas psicologicamente estamos muito abalados porque foi muito terror. Ficavam falando que iam tocar fogo na viatura, iam nos jogar vivos. Não suportamos a vida que estamos levando no nosso trabalho.

Havia algum indício, uma marca na fala deles que entregassem ser potiguares ou de outro Estado?
Não...eram de fora. Sou muito observador e maioria deles tinham menos de 27. Eram três que estavam na viatura e outros na Ranger.

Vocês pensaram em algum momento que não sairiam com vida?
No primeiro momento quando estávamos algemados um ao outro dentro da viatura e eles não conseguiram pegar o dinheiro. Depois quando a gente estava na área rural e eles mandaram que saíssemos da viatura e tirássemos a roupa. Achei que a gente ia morrer naquela hora.

Qual o recado que o senhor manda para os gestores da segurança pública?
Olhe pro interior. Não pode mais dois policiais ficarem numa cidade com até 10 mil habitantes esperando a marginalidade vir buscar nossas armas e dignidade.

Mas o amor pela farda permanece, não é?
Será? Eu estudo todo dia pra sair porque tenho amigos com vinte e tantos anos de polícia que ganham 50 contos a mais do que eu. Não temos nenhuma perspectiva de crescimento na profissão. Não temos um plano de cargo, carreiras e salários, não temos perspectiva.

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