A reportagem do Tribuna do Norte conversou um dos soldados, que foram mantidos refém. Ele expressou sua indignação com o que
afirma ser falta de respeito dos gestores pela segurança pública para com o
policial. Eis a entrevista:
O que o senhor tem a dizer sobre esse
episódio?
Eu quero que seja mais um desabafo do que uma
entrevista. Nós policiais militares vivemos sendo humilhados pelo sistema
militar. A gente vive no interior do Estado e nas cidades com menos de 10 mil
habitantes são encontrados um ou dois policiais. Cumprimos uma escala de 24
horas, o que é degradante e nos expõe. Não quero que aconteça mais isso com meus
colegas. Isso está virando rotina e tende a piorar.
Vocês foram agredidos
fisicamente ou foi somente violência psicológica?
Não nos bateram, mas psicologicamente estamos
muito abalados porque foi muito terror. Ficavam falando que iam tocar fogo na
viatura, iam nos jogar vivos. Não suportamos a vida que estamos levando no nosso
trabalho.
Havia algum indício, uma marca
na fala deles que entregassem ser potiguares ou de outro
Estado?
Não...eram de fora. Sou muito observador e maioria deles
tinham menos de 27. Eram três que estavam na viatura e outros na
Ranger.
Vocês pensaram em algum momento
que não sairiam com vida?
No primeiro momento quando estávamos
algemados um ao outro dentro da viatura e eles não conseguiram pegar o dinheiro.
Depois quando a gente estava na área rural e eles mandaram que saíssemos da
viatura e tirássemos a roupa. Achei que a gente ia morrer naquela
hora.
Qual o recado que o senhor manda
para os gestores da segurança pública?
Olhe pro interior. Não pode
mais dois policiais ficarem numa cidade com até 10 mil habitantes esperando a
marginalidade vir buscar nossas armas e dignidade.
Mas o amor pela farda permanece, não
é?
Será? Eu estudo todo dia pra sair porque tenho amigos com vinte
e tantos anos de polícia que ganham 50 contos a mais do que eu. Não temos
nenhuma perspectiva de crescimento na profissão. Não temos um plano de cargo,
carreiras e salários, não temos perspectiva.
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