‘Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem
irá dizer que não existe razão?’ Esse é um pequeno trecho da música Eduardo e
Mônica, da banda Legião Urbana, mas poderia ser também da história de amor de
Irene Moura e Fernando Ferreira.
Após 40 anos sem ter notícias um do outro e
50 anos sem se verem, Irene Moura e Fernando Ferreira, ambos com 80 anos, se
reencontraram em 2002 e reataram um relacionamento que foi iniciado em 1951 e
interrompido em 1952. Na terça-feira passada eles decidiram se casar e
oficializar a união que já dura quase dez anos.
"Em 2002, quando Fernando
veio me visitar pela primeira vez eu nem o reconheci. Já ele se lembrou de mim
de cara e chegou me abraçando. A gente conversou sobre tudo que aconteceu em
nossas vidas nesse tempo que não nos vimos. Depois dessa primeira vez, ele veio
aqui mais duas vezes. Na segunda visita ele passou três dias aqui em casa e na
terceira ele já veio com as malas para morar comigo. Foi uma coisa rápida, mas
também na nossa idade não dava para esperar tanto tempo, principalmente porque
ainda gostava dele e ele de mim", revela Irene.
O casal Fernando e Irene,
que lembra os personagens da música Eduardo e Mônica, se conheceu em Caraúbas no
ano de 1951, na casa onde Irene morava junto com a família. Com 20 anos na
época, os dois iniciaram um namoro que não durou nem mesmo um ano. O motivo para
o término não foi falta de sentimento, algo comum nos dias de hoje e sim à
distância, pois Fernando teve que trabalhar e morar em Messias Targino, o que
impossibilitou as constantes visitas e acarretou no fim do relacionamento.
Longe um do outro, os dois trilharam por caminhos diferentes. Em 1958 Irene
casou-se e teve dois filhos desse casamento, que acabou com a morte de seu
marido em 1980. Já Fernando casou em 1959 e teve 18 filhos, e ficou viúvo em
2002, ano que decidiu procurar a ex-namorada Irene. "Depois de três meses de
viúvo foi que encontrei Irene. A gente conversou e já estávamos juntos há quase
dez anos e então decidimos casar. Ela foi uma namorada que eu nunca
esqueci".
Dona Irene lembra que o reencontro começou no dia 4 de outubro,
quando ela foi até o bairro Planalto 13 de Maio colocar uma nova prótese
dentária. Ela explica que, chegando ao local, sentou à calçada para esperar ser
atendida, quando de repente uma mulher que estava ao seu lado ficou puxando
conversa. Ela conta que falou dos namoros da adolescência e acabou descobrindo
que a mulher era de Messias Targino e que conhecia Fernando. A mulher
desconhecida que fez mesmo sem querer o papel de cupido lhe contou que a esposa
de Fernando havia morrido há três meses, e que ele falava nela.
"A mulher me
disse que Fernando contava que teve uma namorada, mas que nunca a tinha beijado.
Ele achava que eu já estava morta. Daí tomei a iniciativa e mandei meu nome e
telefone para a mulher entregar a ele. Depois que ele pegou o número me ligou e
decidimos nos ver. O resto da história vocês já sabem. Separados há 50 anos pelo
destino e hoje somos casados", conclui Irene, com sorriso no rosto e olhando
para Fernando.
Seu Fernando conta que filhos, netos, bisnetos e amigos
vieram de outras cidades para prestigiar o casamento, que foi realizado na
terça-feira, 15, na Igreja do Alto de São Manoel, às 10h. "Um monte de gente
veio ver a gente se casar. Foi bom demais, dessa vez eu quero que o casamento
dure pra sempre", declara.
Fonte: Gazeta do Oeste
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