domingo, fevereiro 06, 2011

Reconstrução do Vale do Açu pode ir por água abaixo


Quando o assunto no Rio Grande do Norte é enchentes, a primeira região lembrada é o Vale do Açu. O histórico de problemas e prejuízos naquela área é antigo e, infelizmente, pode continuar sendo manchete no noticiário potiguar. Para os moradores e autoridades do Vale a falta de projetos de prevenção pode fazer com que a reconstrução das últimas enchentes vá por água abaixo.

Em 2008 e 2009 os municípios de Assu e Ipanguaçu, por exemplo, sofreram com as chuvas e viram mais de 4 mil pessoas ficarem desabrigadas. Além disso, centenas de casas foram destruídas ou danificadas e a agricultura, principal fonte econômica, praticamente se perdeu toda nos dois anos.

Depois desse periodo, os municípios e governo do Rio Grande do Norte inciaram a fase de reconstrução do Vale do Açu. De acordo com o ex-secretário de Justiça e Cidadania, Leonardo Arruda Câmara, foi apresentado um plano em torno de R$ 30 milhões para que o governo federal liberasse recursos sem a necessidade de emendas parlamentares.

Ele explicou que na época a Secretaria Nacional de Defesa Civil liberou as verbas, chengado a construir casas em vários municípios. Leonardo Arruda lembrou que o governo do Estado não teve controle total sobre a reconstrução do Vale do Açu, pois vários municípios entraram com projetos próprios e tiveram autonomia para buscar os recursos junto ao governo federal.

"A gente está executando essas obras, podemos dizer que já fizemos mais 70%, resultando em 125 casas construídas com recursos federais e outras 60 com recursos próprios", revela Ivan Junior.

O prefeito explicou que por iniciativa do Executivo Municipal uma medida preventiva foi tomada, a mudança de locais de boa parte das casas. "Como muitas residências ficaram alagadas nas últimas chuvas, nós decidimos construir as casas em áreas mais altas,tirando as pessoas de áreas de risco", conta.

Apesar disso, os moradores do Vale do Açu continuam preocupados com a possibilidade de chuvas mais fortes neste ano. "Não precisa ter muita chuva, basta a barragem sangrar que a gente vai ter tudo alagado de novo", ressalta Ivan Junior.

De acordo com o prefeito de Assu faltou planejamento preventivo, que passa sobretudo pelo desassoreamento do rio Piranhas-Assu. Ele explica que esse problema se arrasta ao longo dos últimos 15 anos e as autoridades nunca tomaram providência.

"O Dnocs afirma que tem um projeto, mas nós nunca vimos ele sair do papel. Não conheço uma obra de contribuição ao rio Piranhas-Assu, então, a possibilidade de prejuízos com novas enchentes é alta, infelizmente", completa Ivan Junior.

Outro projeto que evitaria o risco de novos alagamentos no Vale do Açu é a construção da barragem de Oiticica. Na época das enchentes, em 2008 e 2009, o então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, esteve na região e prometeu que as obras teriam início o quanto antes.

Dois anos se passaram, e a barragem continua sendo um sonho. A história do reservatório começou ainda na década de 90, quando foi projetada para ter 1,6 bilhão de metros cúbicos e irrigar cerca de 15 mil hectares na região. De lá pra cá, foi embargada diversas vezes, a maioria por superfaturamento envolvendo a empresa Norberto Odebrecht, que ganhou a primeira licitação.

O novo projeto está integrado ao mapa de transposição do rio São Francisco e por isso passou a ter um volume de 600 milhões de m ³. Com isso, a capacidade de irrigação será de 2.650 mil hectares e possibilidade de geração de energia elétrica. A obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e a previsão é que neste ano, finalmente, saia do papel.
                             
Nominuto.com

Nenhum comentário: