DO CORREIOBRAZILIENSE
Dia desses, o distrital Agaciel Maia (PTC), a caminho do trabalho, pegou o rumo
da Esplanada dos Ministérios. Quase chegando ao Senado, ele se deu conta de que
fazia o percurso errado. Deveria ir à Câmara Legislativa, mas, distraído,
dirigiu em direção ao lugar em que esteve empregado por 33 anos, endereço onde
fez fortuna e palco do escândalo que interrompeu sua carreira no Congresso.
Sobretudo, a escola na qual aprendeu as artimanhas da política. Há nove meses
deputado, Agaciel se vale das lições que tomou com os senadores e repete a
fórmula de servir ao mundo político sem tirar o foco em satisfazer o interesse
de servidores. Desde os primeiros dias de mandato, ele defende que os salários
pagos na Câmara Legislativa sejam igualados às polêmicas remunerações do Senado.
A medida, se adotada de imediato, colocaria o GDF em situação de
ilegalidade.
No Congresso, Agaciel se especializou em agradar
representantes de dois mundos que convivem debaixo do mesmo teto. Subiu as
escadas do poder atendendo aos caprichos de senadores, como no cumprimento dos
atos secretos editados na gestão do presidente José Sarney (PMDB) e cuidou dos
interesses corporativos de servidores, tendo capitaneado o plano de carreira de
funcionários que resultou em salários tão ou mais altos que o dos ministros do
Supremo Tribunal Federal. Criou, com isso, uma rede que lhe deu trânsito no
tapete azul por mais de três décadas e lhe conduziu à direção-geral do
Senado.
Na condição de distrital, Agaciel testa as práticas que lhe
abriram portas no mundo político. Desde os primeiros dias de mandato, o deputado
jogou uma isca infalível para conquistar o apreço, agora, dos servidores da
Câmara Legislativa. Ele tem reiteradamente defendido aumentar os salários dos
funcionários do Legislativo local aos patamares das remunerações pagas no
Senado. O projeto é tão desligado da realidade que, se a Câmara Legislativa
resolvesse aplicar imediatamente o paralelo proposto por Agaciel, ultrapassaria
os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (leia O que diz a lei). O GDF
ficaria em situação de irregularidade, sujeito a punições, como a proibição de
fazer convênios com o governo federal e a contratação de empréstimos
internacionais.
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